"A vida é aquilo que você faz daquilo que te fizeram"

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Labirinto



É um labirinto enorme, você sente isso. Você corre de um lado para o outro, sentindo o suor escorrendo pelo seu rosto, mais de medo do que de calor. Está escuro, e frio. E o silêncio é ensurdecedor. Sua respiração ofegante é o único som do mundo, seu olhar é rapido e nervoso, para onde ir? Para onde ir? Para onde ir? Suas pernas tremem de cansaço. Você quer parar e desistir, mas você não pode, por algum motivo você simplesmente não pode. Algo ruim irá acontecer se você parar, você sente a presença de algo terrível por perto, você tem certeza. Não há névoa nem vento, nem nada. Sua visão é tão clara que chega a dar tontura, paredes iguais seguidas de paredes iguais. É estranho seus passos não fazerem barulho nenhum, você poderia pensar que está surda se não fosse o som ruidoso de sua respiração.


É tudo tão sem sentido e confuso. Você continua correndo. Para onde? Para onde? Para onde? Você nem se lembra mais porque corre, muito menos qual é o objetivo de tudo aquilo. Mas você corre. Quando tudo isso começou? Irá acabar um dia? Que coisa é essa que te obrigada a continuar em frente? Que monstro te espera logo em frente ou logo atrás? Você tenta ignorar o bolo que se forma em sua garganta e as lágrimas que escorrem pelo seu rosto. Onde está tudo mundo?? Porque estão fazendo isso com você? Onde é a saída? Onde é a saída? Onde é a saída?


Suas pernas quase não te sustentam mais, o ar que você força para dentro de seus pulmões parecem não ajudar em nada... Então você tropeça e cai de joelhos, tremendo de cansaço, sentindo as lágrimas caindo sem parar. O que vai acontecer agora? O que vai acontecer agora? Você sente algo se aproximando, sua cabeça dói insuportavelmente... O que é isso? Essa dor no peito, esse grito contido, esse buraco sobre seus pés, essa escuridão crescente... Você fecha os olhos desesperada, rezando para que com isso as coisas ruins parem de acontecer, como uma criança. Essas mãos não parecem ser suas, você preciona sua cabeça entre elas, nem essa cabeça, as coisas parecem maiores do que são e depois menores, mais pesadas, depois mais leves, em uma enxurrada de sensações confusas e assustadoras.
Alguém faça isso parar, alguém... Você não se sente dona de seu corpo, na verdade você não se sente nada... Acabou.
Você abre os olhos assustada, suando frio e tremendo... Está tudo bem... Você limpa o suor da testa com as mãos tremulas... É só sua cabeça pregando mais uma peça com você, está tudo bem... Ela gosta de brincar.

Beleza? Defina beleza.


Parece que as pessoas estão sempre me dizendo que ela é feia, que eu mereço coisa melhor, que eu tenho mau gosto... Não importa com quem eu esteja.
Ninguém percebe seu sorriso lindo, ou sua sombrancelha perfeitinha, ou seu olhar tão pronfundo e interessante, ninguém percebe sua risada ou seu jeito fofo e conquistador ou seu naris certinho. Não... Parece que ninguém percebe. Ninguém percebe o jeito que você olha e a energia e sentimento por trás de seus olhares e palavras. Para eles o belo parece ser tudo igual... Garotas magras, cabelos longos e sorrisos falsos. Só.
Me desculpem... Esteriótipos me enojam, tenho a sensação que estou com alguém sem alma ou personalidade, um tédio. Me traga alguém diferente, me traga uma beleza única, me traga um sorriso sincero capaz de derreter qualquer um, me traga uma alma linda e incrível por trás desse rostinho bonito, me traga alguém que me desconcerte e me deixe boquiaberta. Me traga alguém que seja tudo menos superficial. Me traga alguém autêntico, alguém que tenha vivido, alguém que é alguém. Me traga os que chamam atenção, os excentricos e diferentes.
Me traga alguém que faça meu mundo mais bonito, meu céu mais azul. Me traga alguém que balance meu coração e desperte minha vontade de viver como ninguém. Isso é beleza.

De novo sobre o amor.



Que força é essa que faz nossos olhares se cruzarem com essa energia desconcertante? E essa vontade de te agarrar e nunca mais soltar? Essa certeza de que eu morreria por um sorriso seu e correria o quanto fosse preciso para poder te ver em um dia qualquer. Que coisa é essa que faz meu coração disparar e meus lábios sorrirem sem querer com seu jeito fofo e irritadinho?
E eu quero que vá para o inferno esse medo de um relacionamento sério. Quero que vá para o inferno todo argumento de liberdade e facilidade. Quero que se foda todo mundo entre nós, quero que se foda a distância, os horários e compromissos. Quero que se foda o futuro e seus planos (ou a falta deles). Quero que se foda se o quintal do vizinho é mais verde, ou se alguém algum dia te quis tanto quanto eu. Quero que se foda as outras oportunidades e outros corpos que você tem.
Quero hoje te ter para sempre. Sem medo ou insegurança. Quero essa certeza incerta de te ter ao meu lado, quero seu cheiro, seu gosto, seu abraço. Quero te levar para casa em um dia chuvoso e me abrigar embaixo das cobertas ao seu lado. Quero te acordar com um beijo e um sorriso. Quero que você me irrite e me provoque e que depois tudo acabe com nós duas rindo lado a lado, trocando olharem já tão conhecidos. Quero seu calor e seu coração batendo em mim. Quero segurar sua mão e acariciar seu rosto. Quero viajar o mundo todo ao seu lado e viver a vida toda com você. Porque não? Porque isso te assusta? Não, não quero pensar, não quero sentar e esperar, não quero etapas e regras. Quero te contagiar com meu sorriso e minha loucura, minha impulsividade e minhas emoções desenfreadas. Quero que você conheça meu mundo, tanto quanto eu quero conhecer o seu. Quero ver sua alma por trás de seus olhos escuros e saber que estamos no mesmo lugar, vivendo a mesma coisa. Quero te manter aquecida no inverno, quero te defender de qualquer pessoa ou situação que for, quero te apresentar para todo mundo e dizer que você é a mulher da minha vida.
Quero enchugar suas lágrimas e te abraçar quando você sentir medo. Quero preencher esse vázio em seu peito. Quero chegar em casa cansada e feliz e respirar seu perfume. Quero te trazer flores e bombons, te abraçar por trás e sussurar em seu ouvido o quanto eu te amo. Isso te incomoda? Talvez você não saiba, mas para mim isso é amar alguém.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Amor líquido. - Desaprendendo a amar



Começei a ler um livro muito bom do Bauman, chama 'Amor líquido, sobre a fragilidade dos laços humanos' (é, meu blog também é cultura~). Estou adorando... É bem interessante. É engraçado o jeito como ele se refere a relacionamentos como se fossem investimentos em ações. Gasta-se tempo e dinheiro em alguém esperando que essa pessoa supra suas necessidades afetivas, você continua investindo nessa pessoa enquanto estiver lucrando, mas assim que essa 'ação' começa a se desvalorizar, você se livra dela. Fim. Não é mais rentável.

É uma comparação fria, mas não deixa de ser absolutamente verdade. A salvo os auto-destrutivos (eu super me inclindo nessa) que continuam com suas ações que começam a cair vertiginosamente na esperança que um dia elas voltem a subir, ou então por medo de ver essa mesma ação, ao ser descartada por você, começar a subir novamente nas mãos de outra pessoa. Sim, a ação pode voltar a se valorizar, é verdade... Mas imagino que os bons acionistas dificilmente correm esse risco. De qualquer jeito, assim que as coisas são hoje em dia, seja isso bom ou ruim, depende do seu ponto de vista.

O fato é que as relações entre as pessoas se tornam cada vez mais superficiais. Busca-se a satisfação imediata sem compromisso, relacionamentos que não exijam praticamente nada de suas partes, só um olhar ou dois, uma rápida troca de palavras, ou nem isso, e pronto. E quanto mais uma pessoa se relaciona, segundo o livro, parece que mais ela desaprende a amar. Quero dizer, imagine uma pessoa acostumada a ficar com qualquer um que der vontade ou se mostrar interessado, alguém acostumado a satisfazer suas vontades imediatamente, alguém que não se preocupa com o outro lado realmente... Imagine essa pessoa vendo esse mundo de opções e facilidades sendo restrito.
Imagine esse alguém percebendo que para mander uma pessoa ao seu lado "para sempre" e desfrutar todos os beneficios de uma relação a longo prazo é preciso muito esforço e força de vontade. Quero dizer, deixar esse orgulho e teimosia de lado, deixar a impaciencia e o egoísmo ou o egocentrismo... Enfim... Para que né? Se saindo para andar por aí é tão fácil encontrar alguém disposto a te "amar" por uma hora ou duas sem esforço nenhum.

Procuro...


'Você é meu tipo de garota', ela me diz. Eu sorrio... Ela é uma pessoa interessante e complicada, talvez parecida comigo, não sei. Ela não tem o medo das passivas, nem o ogulho das ativas, ela parece ser só ela e ponto. Gosto disso. Ela enxe meu copo de cerveja e brinda comigo, e enxe de novo e de novo... Ela me elogia, bagunça meu cabelo e me faz carinho, diz que eu sou muito nova e que meu sorriso é lindo. Nunca ninguém tinha elogiado meu sorriso antes da minha ex... mas agora parece que todo mundo reparou que ele é bonito, estranho isso. Eu também faço carinho nela, seguro sua mão e olho hipnotizada em seus olhos, ouvindo atentamente tudo que ela fala.
Gosto de sentir alguém em minhas mãos, os lábios de alguém nos meus... Mas... Eu sei que amanhã ela não estará ali. Sei que esse carinho não é para sempre, sei que ela não sente nada por mim, só tesão no máximo, ou simpátia, não sei.
Você se acostuma a ser importante para alguém, você se acostuma a certeza de que ela te ligará sempre no dia seguinte, você se acostuma a ter alguém como parte de você, você se acostuma a um só corpo, um só gosto, um só jeito... E então acaba. E você sai tropeçando poraí, procurando sua outra metade, sua certeza que de repente não é mais certo, alguém que faça com que você sinta tudo o que você sentiu, alguém que te complete de novo e faça com que você queira viver sua vida inteira só com essa pessoa. Você experimenta, compara, sente o estranhamento de outros gostos e jeitos. Alguns bons, alguns ruins... Mas nenhum igual, é óbvio que ninguém será igual. E mesmo assim você continua buscando... sabe-se lá o que.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Superação e os que ficam.


É bonito ver alguém que superou seus problemas. Mas sempre por trás desses sorrisos e alegrias, eu não consigo deixar de me perguntar... E os que não se superaram?
Onde estão? Eles se sentem abandonados e esquecidos, não se sentem?
E de quem é a culpa? Será que ele teve toda a ajuda que necessitava? O que faltou ser feito? Será que lutaram por ele o máximo que puderam? Será que ele poderia ter sido salvo? Será que havia algo a ser feito?
Sempre por trás desses sorrisos eu noto uma certa culpa... Um certo hiato. Algo que não foi consertado. Que me incomoda.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Um sentimento muito conhecido - Não quero ir para casa


Estou tão cansada... Quando volto para casa parece que um peso enorme cai sobre minhas costas, agora mesmo sinto vontade de chorar e nem sei porque. A pouco tempo eu estava feliz... Mas essa felicidade vai desaparecendo a medida que me afasto da escola, até que não me sobre mais nada, até que fique quase impossível levantar a cabeça para qualquer coisa.

Odeio isso aqui... Essa parte da minha vida ou seja lá o que for...

Quero tanto ficar dentro daquelas sala de aula para sempre... Lá eu sou feliz, aprendendo coisas interessantes e mantendo minha cabeça ocupada. Aqui não... Aqui tudo cinza, feio, pesado... E tem algo mais que me destrói e eu não sei o que é, algo que consome minha alma, minha vida, tudo. Talvez seja só eu mesma. Eu não sei.

Só sei que não importa quantos comprimidos eu tome minha cabeça continua pesada e doendo. eu odeio todo mundo a minha volta, tão tranquilamente normais e indiferentes. Como conseguem??

"Me deixe em paz..." Eu quero dizer, implorar. Mas eu não sei para quem... Alguém tire essa coisa de dentro de mim por favor. Está me matando...

Estou tão cansada.

Acho que não vou conseguir sabe. Não sei mais o que fazer.

Diagnósticos - porque você luta?


Você lembra do tempo que andava perdida, tentando descobrir o que havia de errado com você, tentando descobrir porque voce tinha nascido ou se tornado tão errada e qual era esse erro, se haveria um jeito de ser normal, de ser só mais um. Hiperatividade parecia elogio, depressão uma ofença, bipolaridade exagero... É... porque não hiperatividade? Os hiperativos são legais e sociáveis, agitados, agressivos, criativos, inquietos, desatentos, inteligente e incompreendidos. Eles falam desse problema com leveza, quase como se não fosse um problema e sim um dom, quase como se as pessoas não sofressem tanto assim com isso e ganhassem mais do que perdessem. O que não é verdade... Mas foda-se, seria tão bom ser diagnoticado com algo leve como isso.
Você não é hiperativa. Depressão é mais provável. Todo mundo tem depressão. Tome esse remédio, você vai parar de se sentir assim e fazer essas coisas. Mas ai você piora e continua piorando. Aumenta-se doses, antidepressivos te irritam pois não fazem nem cocegas em seus sintomas.
Você não tem depressão. Você não tem um transtorno de humor. O que você tem é mais sutil, é mais profundo... Não é uma doença que tenha cura, é algo que faz parte de você, de sua personalidade. Você tem uma personalidade problemática, doente, frágil. É um diagnóstico assustador, algo que você nem imaginava... É pior do que você pensava...
Se não tem cura, porque você luta? Onde você quer chegar? Você sempre vai ser a mesma ai dentro.... não vai? Você vai continuar fazendo as coisas que faz quando ninguém estiver olhando, sua mente vai continuar pregando peças em você, você vai continuar a machucar as pessoas de um jeito ou de outro, e mesmo se não machucar, elas vão continuar indo embora e cada vez que alguém fazer isso você vai se sentir um bebê frágil e indefeso, abandonado. Você vai se cortar e ver o sangue escorrendo pela sua pele, você vai se sentir bem e mau ao mesmo tempo, como um drogado que sabe que não deveria fazer isso mas mesmo assim continua... E então você vai levantar a cabeça e enxugar suas lágrimas, de repente feliz e decidida, sem motivo nenhum, e vai se enganar dizendo que essa foi a última vez. Você sabe que não foi a última vez. Você chora e pede mais uma chance para as pessoas a sua volta, você vai melhorar, você promete para elas, você está lutando com tudo o que tem. Mas você não melhora realmente. Por mais que você lute...
Ei, existem alguns remédios, eles vão tentar controlar seu humor, eles fazem você parecer quase normal, você faz terapia também, ela te ensina a como se comportar como uma pessoa normal. No fundo você parece que só está aprendendo a enganar mais as pessoas a sua volta, no fundo... agora você mente melhor. No fundo, agora você consegue sorrir mesmo se a única coisa na sua cabeça for um estilete e um momento sozinha. Agora você consegue dizer que está bem, você consegue convencer todos eles e fazer com que acreditem que você é normal. E isso é genial... Mas aqui no fundo você sinte seu monstro respirando tão vivo, sente ele tomando seus lábios e sorrindo maliciosamente...
Você me conhece, ele parece dizer. Vou estar sempre contra você, tomando suas mãos e sua mente, te enganando e te convencendo que todos são seu inimigo, que todos vão te abandonar porque você não é boa o bastante. Vou sempre te lembrar que você sou eu. E o quão ruim isso é. Vou sempre dizer... Só mais um corte, um pouco mais fundo, um pouco mais fundo... Isso... Consegue sentir agora? Você é só minha. E eu sou só sua, não precisamos de mais ninguém. Quando você vai aprender que as outras pessoas só aparecem para no final te machucarem? Me escute e pare de fugir de mim, pare de lutar, não vai adiantar. Eu sou parte do que você é.
Então você abaixa a cabeça e sabe que o que ele está dizendo é verdade, mas você continua a chamá-lo de monstro... teimosamente, como se não fosse você.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Como as coisas são.

Se o mundo fosse perfeito as crianças não chorariam, o vento não desarrumaria os penteados, (mas levantaria algumas saias sim, só por brincadeira), o frio não deixaria os pés gelados e dormentes, o sol não queimaria, ninguém morreria de fome, nem de sede, os mosquitos nos deixariam dormir.

Se o mundo fosse perfeito, todos poderiam ser o que quisessem, preconceito não existiria, todos os pais amariam seus filhos incondicionalmente, todos apoiariam todas suas escolhas e todas as suas escolhas dariam certo.

Se o mundo fosse perfeito todos encontrariam suas almas-gêmeas e não deixariam que ela fosse embora. Se o mundo fosse perfeito não existiria dúvidas, nem medos, nem lágrimas, nem separações... Também não haveria abraços e beijos de reconciliações, não haveria remorço, nem passos para trás, não haveria nada para se concertar, nem nada pelo que lutar. Não haveria surpresas, sejam elas boas ou ruins, ninguém se preocuparia com o futuro porque ele já estaria garantido, ninguém lembraria do passado com saudade ou arrependimento. Ninguém envelheceria, crianças seriam crianças para sempre, inocentes e puras, adultos seriam adultos para sempre, maduros e estáveis e velhos nunca morreriam, nunca ficariam surdos, confusos ou esquecidos.

Se o mundo fosse perfeito doenças não existiriam, muito menos guerras. O dinheiro não existiria e ninguém precisaria trabalhar para viver, a comida seria disponível e infinita. Todos teriam suas casas e todas as casas seriam iguais. As tardes preguiçosas dos fim de semanas desapareceriam pois não haveria pelo que descansar, já que todos os dias seriam fim de semana. Se o mundo fosse perfeito todos sorririam para todo mundo, em sorrisos plastificados e constantes, todos seriam gentis com todos, não existiriam brigas nem discussões.

Se o mundo fosse perfeito a vida deixaria de fazer sentido.

O valor das coisas está no quanto você suou para consegui-las, no quanto você luta para mantê-las, no quanto você se dedica a isso não importa quais as dificuldades que surjam em seu caminho. E no fim, não importa o quão dura e improvável sua vida tenha sido, tudo se encaixa se você olhar bem. Tudo dá certo. Tudo o que precisamos fazer é continuar lutando pelo que lutamos. Tudo tem um porquê, para tudo existe a hora certa... Seguimos tropessando em nossas vidas perfeitamente imperfeitas. No final tudo vai dar certo.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O que construímos...


Você sentiu? De repente algo se quebrou, quero dizer, começou a se quebrar... Tive vontade de pedir para você não se mexer, não falar nada, não fazer nada. Estava com medo, qualquer movimento brusco poderia destruir tudo o que construimos nesses últimos meses. Tive medo, por um instante fiquei olhando paralizada, sem conseguir respirar, rezando para que esse nosso castelo de cartas não fosse tão fragil quando parecia. Algumas cartas caíram, fechei os olhos enquanto as lágrimas escoriam pelo meu rosto, pensei que estava tudo perdido, mas quando eu tomei coragem para abrir os olhos... O castelo incrivelmente ainda estava de pé. Estranhei. Olhei a volta e não te vi. Voltei a encarar incrédula o tal castelo, tinha certeza que tudo iria se destruir com o que tinha acontecido, tinha certeza absoluta. Olhei para minhas próprias mãos e me apalpei. Estou rezoavelmente inteira... Estranho isso. Essa sou eu mesmo? Nunca sei.

Dei mais uma olhada para nosso castelo, meio tremulo, mas inteiro. Virei as costas insegura, ainda te procurando. Eu realmente estou sozinha? Minha cabeça parecia preguiçosa de mais para pensar, não se dando o trabalho nem de registrar meus sentimentos. Me sentia anestesiada. Fico preocupada quando me sinto assim, tenho a sensação que estou fugindo dos sentimentos para não precisar sofrer nem lidar com o problema. Quando eu fico assim eu não consigo resolver os problemas... Mas eu não tinha um problema para resolver, tinha? Isso não é um problema, é um fato. Você virou as costas para o que nós estávamos construindo, então eu sou obrigada a fazer o mesmo. É simples, até uma idiota que adora mentir para si mesma como eu podia entender. Ok... dei um passo em frente, lançei mais um olhar para trás preocupada, será que eu deveria terminar de destruir esse castelo? Deveria protegê-lo? Ou simplesmente esquecê-lo? Não tenho coragem de destruí-lo, não tenho energia para protegê-lo, nem acho que valha a pena e esquecer eu sei que não vou conseguir... Suspirei. Não quero pensar nisso agora, vou só continuar andando... Estou cansada de tentar sempre concertar tudo.
E foi o que eu fiz, andei e andei... É verdade que dei algumas voltar em mim mesma, sem sair do lugar, mas eu estava tentando avançar o máximo que eu podia, estranhando totalmente a situação. De repente muita gente apareceu, conheci pessoas nova, marquei de sair com essa ou aquela... O mundo parecia estar me ajudando a não pensar, quem precisa pensar e se deprimir quando se pode viver não é mesmo? Estou bem enquanto estiver alguém aqui do meu lado me distraindo, ameacei sorrir e não parei mais. Estranha essa sensação de liberdade. Essa sensação de "eu posso fazer o que eu quiser sem se preocupar com ninguém", mas eu gostei... Pensei que poderia me cortar agora, para sempre, sem contar para ninguém, sem me preocupar com ninguém (óbvio que era mentira, mas foi o que eu pensei.), poderia destruir minha vida tão facilmente... não tinha ninguém agora que poderia fazer eu mudar de idéia. Gostei dessa idéia, meu antigo objetivo de me trancar em um banheiro e me cortar até não sobrar mais nada... Mas então me veio uma vontade de rir, porque eu me cortaria até morrer se ninguém mais se importa comigo?

Me cortar é como eu espresso minha dor, além de me acalmar e ser minha droga, é minha forma de se comunicar. Ei, tem algo de muito errado comigo, por favor me ajude. É o que eu quero dizer. Nunca tive ninguém para me ouvir, nunca ninguém percebeu o que se passava comigo, só eu mesma... E foi me cortando que as pessoas finalmente viram como eu estava, finalmente perceberam o quão fundo eu estava caindo. Foi meu jeito de gritar por ajuda de certo modo. Automutilação não é o problema, é a consequência. Obviamente de consequência, passou a ser o próprio problema, quando o vício se tornou irracional e injustivicado. Enfim... se essa era minha forma de espressar minha dor... ora... se ninguém olhar para mim, se ninguém me ajudar, de que adianta eu continuar me cortando? Entendem um pouco essa lógica estranha?

Vou me destruir porque afinal? Só pelo prazer de me destruir? Não... não vou dar a ninguém o prazer de me ver fracassar, não depois de tudo o que eu lutei, não depois de tudo o que vivemos que continua inteiro lá atrás. Estou é afim de viver pra variar, a vida está sorrindo para mim afinal. Olhe quantos caminhos! Quantas opções, quantas pessoas... Estava feliz eu acho, não tenho certeza, mas pensei que poderia ser o que quisesse da vida naquele momento.

E então estou triste de novo, olho para trás... Meu humor não ajuda, não consigo pensar entre extremos, saí dos trilhos faz tempo, não confio na minha cabeça quando estou instável. De qualquer jeito eu olho para trás e te vejo... Lá longe... Você sorri triste e se aproxima do nosso castelo, de alguma forma eu sei o que você vai fazer, me sinto fria e indiferente enquanto vejo você destruir mais uma parte dele. Minha cabeça está vazia... Acho que não me importo, acho que está tudo bem, vai ficar tudo bem, dou de ombros e ameaço virar as costas, mas então você me chama. Me volto de novo, impaciente.
Ei! O que você está fazendo? Observo nervosa você recolhendo as cartas caídas e contruindo algo novo. O que deu em você afinal? Caminho até você incrédula. Você realmente está voltando atrás e arrumando tudo?? Olho desconfiada...
Então sorrio, pego uma carta e começo a te ajudar.
Não tem jeito, sou uma sonhadora, me de algo que eu acho que valha a pena lutar que eu vou morrer por isso. Me de mais uma chance, me estenda uma mão, que eu vou me agarrar a isso com todas as minhas forças. Sempre existe a chance das coisas melhorarem, de realmente darem certo... Então vamos correr atrás disso mais uma vez, só mais essa vez. Quem sabe...

Homossexualidade - Causas e porquês


Quem é homossexual sabe que a primeira coisa que seus pais perguntam para você quando você se assume é o porquê. Porque você é assim? O que fizeram com você? Onde eu errei? Você foi abusado quando era pequeno? E não só os pais, mas amigos, conhecidos, as vezes até mesmo o próprio homossexual sofre tentando responder essas perguntas. É engraçado... Porque considerar essas perguntas válidas, acreditar que realmente existe um problema por tras de ser gay é a mesma coisa que admitir que ser assim é uma doença, um desvio psicológico. É a mesma coisa que admitir que é errado ser assim, tem algo errado em ser assim.

As crenças mais fortes dizem respeito ao abuso sexual na infância como causa, pai ausente no caso da homossexualidade masculina e forte ligação com o pai no caso da feminina. Ora, é um absurdo generalizar as coisas desse modo, acreditar que fatos tão aleatórios podem ser a causa, quero dizer, eu conheço sim muitos homossexuais com histórias de abuso sexual na infância, mas também conheço héteros com as mesmas histórias, conheço muitos gays que possuem seus pais ausentes, mas também conheço héteros. Minha namorada possui uma ligação muito forte com o pai por exemplo, mas eu não, eu não tenho ligação nenhuma com meu pai, nunca tive, nesse aspecto somos opostas e mesmo assim... Lésbicas.
Não entendo qual a necessidade de encontra uma causa real e plausível... Quero dizer, entendo sim... Para os preconceituosos, os que ainda acreditam que isso é uma doença, encontrando a causa, a cura se torna possível. Para os homossexuais, encontrar a causa significa tornar "real" sua homossexualidade, quase como se, existindo um porquê, uma causa, sua orientação sexual se tornasse válida. É difícil para muitos gays, olharem para si mesmos e admitirem que eles simplesmente são assim e pronto! Quero dizer... Não é uma doença. Não é um problema. Então parem de procurar causas! Isso não vai mudar quem somos.
Buscar todos os porquês para nós sermos quem somos é inútil e desnecessário... As pessoas são diferentes, vivem situações diferentes, enfim... Cada ser é único em suas sutilezas. Porque a humanidade tem tanta dificuldade em admitir a riqueza de diferenças em nossa espécie? É maravilhoso que as pessoas sejam diferentes.
Em uma sociedade heterossexual é compreensivo que os homossexuais se sintam inicialmente acuados, errados e doentes, mas já está mais do que na hora de mudarmos essa visão. Não é só porque existe uma maioria que a minoria passa automaticamente a ser errada. Da próxima vez que te perguntarem o porquê não dê brexas para suposições e teorias, levante essa cabeça e diga que simplesmente você é assim, não é culpa de nada nem ninguém. Tenha essa certeza dentro de você e pare de culpar o que você viveu ou seus pais, isso é imaturo... Não sabemos porque somos assim e nem interessa descobrimos isso. Nós somos. E não só somos como admitimos para nós mesmos. Queremos ser felizes e temos esse direito como qualquer um, somos seres humanos como qualquer um.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

NO H8 - You = Me


A campanha “NO H8″ foi oficialmente lançada em Fevereiro desse ano pelo fotógrafo Adam Bouska e seu parceiro Jeff Parshley, mas ganhou força após a aprovação da “Proposition 8″ – que proibe o casamento de pessoas do mesmo sexo na Califórnia. O movimento, chamado de “protesto silencioso”, é realizado através das fotos, onde todos aparecem com as bocas fechadas por fitas adesivas.
Para quem quiser dar uma olhada no site oficial -> http://www.noh8campaign.com/
E também recomendo o clipe que Ricky Martin fez para a campanha *-* é lindo -> http://www.youtube.com/watch?v=kzxoQ9rbDAA&feature=player_embedded
Adorei a campanha! Está na hora de nós fazermos algo grande assim no Brasil também, não acham?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O amor machuca... - como sempre.


Você fala que espera que eu fique bem e eu tenho vontade de rir. Você só pode estar brincando...
Bem? Não sei mais o que significa essa palavra. Na verdade eu não sei mais o que significa nenhum sentimento. Eu chorei... é eu chorei... mas eu não sei porque estava chorando e essas lágrimas não parecem fazer sentido ou significar alguma coisa. Eu só estou aqui, sentada quieta, sentindo uma agitação sinistra dentro de mim... É o meu monstro. Lembra dele? Ele está de volta, com todas as forças. Ele está feliz de estar livre de novo. Não me sinto mais em mim, não sei onde eu fui parar, eu só lembro de ler que você desistiu e nesse instante eu também desisti... Porque eu lutaria? Você foi a luz no fim do meu túnel, você foi minha razão para sorrir, foi por você que eu lutei até agora... Foi você que ousou entrar em meu mundo e me tirar desse inferno, foi você que levantou minha cabeça e limpou minhas lágrimas, foi você que me obrigou a perceber o mundo maravilhoso a minha volta. Você foi a porra do meu sol.
Mas você desistiu de mim, não é? Como todo mundo...
Outra coisa engraçada é que não consigo ficar brava com você... Sinto um ódio enorme tomando meu corpo, mas ele não está direcionado para você... Não... Está direcionada para mim mesma. Eu nem sei o que pensar... Talvez eu não tenha ainda nem me tocado, não sei. Não estou pensando, estou confusa tentando imaginar o que aconteceu. Ontem estava tudo perfeito, não estava? E então... em menos de 24 horas você acaba com tudo, sem mais nem menos. O que houve? O que sua mãe fez com você? Ou fui eu que fiz algo errado? Não sei o que pensar...
Estou confusa... De repente você me abandonou aqui sozinha... Estou olhando para os lados e não te vejo. O que eu vou fazer agora? Coloco minhas mãos sobre o peito mas não sinto meu coração ali, tem um bucaro negro dentro de mim agora, é isso? Respirar é difícil e doloroso, minha cabeça lateja insuportavelmente, tenho vontade de vomitar... Como se tivesse algo horrível dentro de mim que eu precisasse jogar fora, algo doente de mais... Mas eu não consigo vomitar minha alma. Não sei o que fazer... As lágrimas não funcionam, esqueci como chorar eu acho... Não estou sentindo, não consigo sentir... Alguém me ajude, alguém me ensine a chorar, a colocar a dor para fora, eu não consigo. Não consigo. Preciso que algo rasgue minha pele, assim eu posso saber que estou viva, assim vou conseguir colocar para fora e me sentir melhor, preciso chorar sangue...
Mas você ainda espera que eu não me corte... Fala que espera que suas palavras não tenham sido em vão. Eu sorrio divertida, não percebe que justamente por não ter sido em vão que eu preciso de você aqui do meu lado? Como você pode ter me abraçado ontem com tanto amor... e hoje ter decidido me deixar? Como? O que eu fiz?

O que eu vejo, como eu vejo.


Eu não sei ao certo se o clima condiz com meu estado de espírito ou se é meu estado de espírito é que condiz com o clima, mas o fato é que quase sempre, quando estou andando pelas ruas, meu humor e o clima parassem estranhamente sincronizados. Ou talvez não seja o clima de fato... mas o jeito como eu olho o mundo. Quero dizer, se estou feliz, por mais que o dia não seja dos mais bonitos... para mim ele estará lindo, a chuva será linda, as nuvens pretas no céu também, o vento não irá castigar meu rosto e sim afagar, se estiver sol então! Mesmo se for aquele sol fraquinho, clima de mormaço, para mim o céu estará esplêndido, e o sol incrível. Mas se eu estou triste... Tudo parece mais cinza, mais feio... o sol é pesado a meus olhos, a chuva me irrita, como se zombasse de mim, o céu preto ou limpo, não importo, parece sem vida. Por isso digo, quando estou triste o clima parece feio, quando estou feliz o clima parece maravilhoso. Mas não é o clima, sou eu.

O tempo é a primeira coisa que eu noto ao andar sozinha pelas ruas, a segunda coisa que eu noto sou eu mesma. Eu nunca sou a mesma. Eu me observo divertida de algum lugar distante dentro ou fora de mim, não sei ao certo, depende. E lá estou eu... Meu andar é naturalmente ansioso eu imagino, ando meio que na ponta dos pés, meio pulando, quando estou feliz meu corpo vibra e eu preciso me segurar muito para não caminhar saltitando (eu gostava quando eu era menor e não precisava me segurar... Eu só andava saltitando), dependendo do grau da minha agitação e alegria eu também preciso me segurar para não sair correndo e pulando feito doida. Eu sou muito boa em me reprimir, apesar de as vezes não parecer... Eu realmente me esforço para sempre reagir e parecer o mais normal possível, mas dentro de mim as emoções fervem insanamente.

Quando estou triste... minhas costas se curvam, meu andar é lendo e arrastado, quase como se alguém estivesse me obrigando a andar (no caso eu mesma), foco meus olhos no chão... E o pouco contato que eu mantenho com o mundo a minha volta desaparece, principalmente se eu estiver sozinha. Quando alguém está comigo eu me esforço para prestar atenção nessa pessoa e não mergulhar no meu inferno particular, e eu falo também, ou tento falar, falar sempre me mantém... aqui. Se é que vocês me entendem. Mas as vezes eu não consigo falar, se eu não estiver entendendo o que eu estou sentindo eu dificilmente vou conseguir falar alguma coisa. Quando estou triste eu não percebo absolutamente nada a minha volta, caminho quase feito cega, me desviando de quem aparece na minha frente com impaciência. Eu odeio tudo a minha volta quando estou triste. Me irrita. Eu quero só ficar sozinha, em algum lugar quieto e sem ninguém, mas é difícil eu ter esses momentos sozinha... Ninguém mais me deixa sozinha. É irônico eu dizer isso na verdade, quando ainda sinto a solidão me assolando na maior parte dos meus dias. O fato é que estar com alguém por perto não significa que você não irá se sentir sozinha, isso é muito relativo. Mas com certeza significa que você não irá conseguir pegar um faca e enfiar em seus braços confortavelmente (e isso é o que realmente importa para muitas pessoas).

De qualquer jeito... Passamos para minha visão. A terceira coisa que eu reparo, e a mais incerta, é no que eu vejo, o mundo a minha volta. As pessoas, a rua, os carros... É difícil eu prestar atenção nessas coisas. Como já disse, se eu estou mau, não presto atenção em nada mesmo, mas se eu estiver relativamente bem, bom... Eu normalmente também não presto atenção, mas é diferente... Quando estou mau eu afundo em mim mesma e o mundo desaparece, quando estou bem... minha cabeça voa... Histórias e eventos, realidade e ficção se misturam... até que eu me pego vivendo a vida de um dos meus personagens, em um dos muitos fragmentos de histórias, fatos, etc, que existem na minha cabeça. Eu realmente não sei quem eu sou... E a partir dessa incerteza, tudo o que eu vivo e acredito passa a se tornar duvidoso. Quero dizer... Se eu nem ao menos sei se aquela pessoa ali sou eu, como posso saber se o que aconteceu foi real? Se as vezes eu sinto que não sou eu mesma, como posso saber se o que eu estou vivendo, sou eu que estou vivendo ou é outra pessoa? Dentro de mim... Quero dizer... é confuso. Na minha cabeça faz sentido essas dúvidas, mas aqui no papel acho que eu não sei fazer com que vocês me entendam.

Eu li um livro uma vez... Em que a personagem principal também não sabia o que era real e o que era sonho, o que a cabeça dela inventava. Se parece um pouco com o que ela descreve, mas não exatamente... Eu não sonho... Eu só tenho dúvidas, eu só não sei onde me apoiar para ter certeza de mim mesma.

Bem... quando minha mente não está vagando, geralmente quando eu estou mais agitada, eu olho mais, não o olhar distraído, o olhar curioso... O que não só registra automaticamente as coisas, mas o que realmente para e observa o que lhe chamou atenção. A primeira coisa que me chama a atenção são as pessoas, em especial as mulheres e as crianças. Não importa se for uma senhora ou uma moço perfeita, eu olho para as mulheres automaticamente. Eu lembro quando eu estava tentando me convencer que era hétero, quero dizer, na época em que uma parte de mim já (a palavra certa acho que seria ’ainda’) estava preocupantemente reconhecendo que talvez o que eu estive sentindo com aquela amiga fosse mais que amizade, eu me lembro como eu me esforçava e me policiava para reparar nos homens... Reparar neles era uma tarefa trabalhosa e cansativa, sinceramente muitos poucos atraiam minha atenção, geralmente só os mais diferentes mesmo... Que atraiam minha atenção justamente por serem diferentes, gays por exemplo, alguns chamam bastante atenção (e despertavam em mim um sentimento reconfortante... sempre foi muito com a cara dos gays). Enfim... Meu olhar segue as mulheres, até quando eu estou distraída, andei percebendo. O fato é que me sinto segura com elas, talvez seja por isso. Também gosto de crianças... Tenho paixão por crianças. O maior sonho da minha vida é abraçar um criança minha, um filho... De verdade. Não consigo não sorrir para elas, é impossível. Despertam em mim um sentimento tão grande de proteção e carinho...

Poucas coisas me incomodam... A pior delas... Obviamente são os homens de novo. Odeio passar perto de homens, a maioria quase sempre faz comentários, tenta mexer com a gente... Não é sempre que eu entendo o que eles falam e eu nem preciso entender, posso sentir seu olhar. É fácil presumir homens, eles são realmente simples de entender, a grande maioria. Alias eu andei percebendo que quanto mais eu ando com roupas masculinizadas, menos eles mexem comigo... Isso é ótimo! Pena que alguns ainda insistem, apesar da minha óbvia aparência gay. É uma pena... Mas outra coisa ruim é que alguns tendem a mexer mais com você, quase como que querendo te mostrar que ele é que é homem de verdade, não você... Você é só uma garotinha. Eles parecem dizer. Patética e fraca.

Passar por eles e sustentar seus olhares nunca é fácil. Gosto das mulheres... Elas são adoráveis... interessantes, misteriosas, distraídas, preocupadas, sorrindo ou franzindo as testas, falando ou levando a mão a boca enquanto pensa, mordendo os lábios e inclinando a cabeça em direção a seus companheiros que nunca parecem reparar a mulher incrível que eles tem ao lado. Não me sinto como sendo igual a elas... Isso sempre foi um sentimento muito solitário e inexplicável para mim... A primeira vez que eu me senti como sendo uma mulher foi beijando uma.

É engraçado... Ainda experimento com estranhamento a palavra mulher na minha boca se referindo a mim mesma. Mas eu gosto... e não gosto. Não sei explicar. Gosto de ser mulher, mas acho que prefiro pensar na pessoa em meus braços como sendo mulher do que pensar em mim mesma. Mulher se refere a algo bonito, e eu não me sinto bonita dessa forma, não gosto do meu corpo. Mas é reconfortante a sensação de que a pessoa em seus braços é igual a você. Reconfortante e certo, direito, como as coisas devem ser, sabe? Ao menos pra mim. Todo esse papo que hétero fala, os preconceituosos... Que ser hétero é direito, é certo e blá-blá-blá, eu entendo esse sentimento! Claro que entendo... Mas eu sinto isso em relação a homossexualidade... e sabe, nem por isso eu saio falando para você ser gay. É questão de respeito, você vê o mundo a sua maneira, eu vejo a minha, podemos conviver juntos sim. Porque não? Você faz com você mesmo o que você acha certo e eu também, nada de mais. Ninguém tem direito de tentar impor sua visão em ninguém... A única coisa que se exige é respeito. Fim.

Sem drama certo?